sábado, 26 de agosto de 2017

INSPIRAÇÃO

Despertar o aluno para o interesse do conhecimento das disciplinas escolares está se tornando uma tarefa cada vez mais difícil. Algumas mudanças na sociedade atual ajudam a explicar isso. É necessário atentar para alguns fatores no sentido de entender melhor o problema.
Apesar existirem algumas explicações homogêneas sobre o assunto, a verdade é que em cada escola há uma realidade diferente. Além disso, cada aluno tem a sua individualidade e história Familiar. De modo geral as famílias estão vivenciando uma espécie de reestruturação diante das novas demandas sociais e econômicas. Os pais estão cada vez mais envolvidos com o mercado de trabalho e o papel que costumavam realizar na educação básica dos filhos está sendo transferido para a escola. Acredito serem os pais os primeiros a despertarem nos filhos o interesse pela aprendizagem, mas atualmente não conseguem mais, dentre outro fatores, por falta de tempo. Assim como acompanhar cotidianamente a educação e a escolarização dos seus filhos.
Outra mudança a ser considerada diz respeito à popularização da cultura digital, pois o acesso à internet e aos computadores portáteis permite centenas de possibilidades que atraem muito aos alunos. Crianças e adolescentes se mostram bastantes interessados em atividades que sejam fáceis, rápidas e intuitivas. Se antes, uma das formas de se ter acesso aos conhecimentos era necessário pesquisa em biblioteca ou fazer curso, hoje estão disponíveis na palma da mão.
No mundo virtual, textos, imagens e vídeos ensinam ou demonstram os usuários a fazerem diversas atividades dispensando muitas vezes o papel de um instrutor ou professor. Muitas vezes são materiais rasos ou falhos, mas há também muito conteúdo bom, tornando a vida mais fácil ou econômica para quem acessa aquelas informações. E é dentro desta realidade sociocultural que se encontra a escola, ainda carregada de uma carga de tradicionalidade, associada a um modelo em que o professor está na frente de uma turma, muitas vezes abarrotada de alunos, tentando expor o conhecimento das disciplinas convencionais.
Temos uma instituição e um formato de educação que há muito não se enquadram com a realidade social brasileira. Há tentativas de se mudar esta realidade no Brasil, mas quase todas as reformas na educação partem de uma ação do Estado, com pouquíssima ou nenhuma participação da comunidade escolar.
É justamente dentro deste contexto que apresento a proposta de se fazer um roteiro histórico geográfico no bairro de Inhaúma, local em que se encontra a escola em que leciono, de modo a criar uma possibilidade de aprendizagem para fora dos muros da escola e para além da aula expositiva, tentando despertar o interesse pelo conhecimento com uma atividade extraclasse e interdisciplinar. Despertar nele também o interesse pelos bens patrimoniais do bairro em que vive ou estuda, no intuito de valorizar e lutar pela sua preservação.
Muito já se destruiu do patrimônio cultural da região da Zona Norte do Rio de Janeiro. Um exemplo recente foi o prédio da casa grande da Fazenda Botafogo (um antigo engenho colonial). Esta ficava próximo no bairro Guadalupe, na Avenida Brasil. Abandonada até quase virar pó, deu lugar a obras do programa do governo federal: Minha casa, minha vida. Sendo uma área de concentração da classe trabalhadora da cidade, que não consegue enxergar o valor cultural do lugar onde vive, ficando difícil lutar junto aos poderes população não vislumbra a conservação da memória do bairro por achar que aquilo não lhe pertence. Também não enxergam as possibilidades de uso dos seus bens e, para isso, é necessário um trabalho de educação patrimonial na prática, Também não enxergam as possibilidades de uso dos bens e, para isso, é necessário um trabalho sobre educação patrimonial na prática, pois:

“[...] Para que haja preservação, faz-se necessário a interação, que leva a valorização de sua herança cultural e a produção e novos valores e conhecimentos. Faz-se necessário entender também que há uma diversidade de modos de apropriação do espaço, da comunidade e da cidade, gerando uma cidade como guerra de relatos, de interpretações, com cada grupo possuindo seu próprio mapa cultural [...]”[1]

Diante desta realidade devemos mostrar as possibilidades de aprendizagem e, por que não, de futura atividade econômica ao se preservar o patrimônio local (turismo; comércio; serviço). A partir deste movimento para fora da escola esperamos ampliar as práticas de ensino e a aprendizagem para o educando. Estimular o interesse do mesmo pelo estudo da história do bairro, da disciplina escolar, além de mostrar que ele é também um agente da história. Que perceba que seu conhecimento e a sua participação em ações locais podem promover mudanças de rumo no futuro da sua comunidade. Busca-se também a possibilidade de uma maior e melhor aproximação entre comunidade escolar e a Escola.



[1] MAGALHÃES, Leandro Henrique; Martins, Patrícia; Zanon, Elisa. Educação Patrimonial - Da teoria à prática. Londrina: Unifil, 2009. Pág. 62.

ALÔ MORADOR, VAMOS PARTICIPAR?

 OLÁ, TUDO BEM? VOCÊ QUE MORA OU MOROU EM INHAÚMA, PARTICIPE DE NOSSA PESQUISA SOBRE O BAIRRO. É RÁPIDA. CLIQUE NO LINK ABAIXO E PREENCHA. O...